Desde os tempos mais remotos, as pessoas encontram prazer no uso de substâncias fragrantes na pele. Atemporal e universal, a fragrância tem sido uma poderosa força em rituais, medicina, mitos e conquistas.
No mundo antigo, as essências eram artigos de luxo e refinamento altamente valorizados e as rotas de comércio se desenvolveram, em parte, graças à busca incessante por ingredientes aromáticos.
Coloridas, instáveis, sutis e caras, as essências naturais eram bastante complicadas era bem difícil de reproduzir exatamente o mesmo perfume.
Em 1905, diz a lenda, François Coty lançou seu estreante negócio de fragrâncias no mundo, ao deixar cair um vidro de seu perfume no chão de uma refinada loja de departamentos, que havia acabado de recusá-lo. Inebriados pela agitação e pelo aroma do perfume, os clientes correram para comprar seu estoque.
Lenda ou não, foi Coty quem teve a ideia brilhante de colocar fragrâncias em pequenos frascos. Mais importante ainda, ele foi o primeiro perfumista a misturar fragrâncias sintéticas às naturais, um fator decisivo para fazer do perfume um luxo acessível às massas.
Por causa dos preços baixos e da sua estabilidade, os produtos sintéticos foram vigorosamente promovidas e logo substituíram as essências naturais na manufatura de perfumes, à exceção dos preciosos florais – difíceis de serem reproduzidos.
No início dos anos 2000 a Perfumaria Natural deixou de ser uma ideologia e começou a ganhar destaque no cenário internacional.
Hoje a Perfumaria Natural é o caminho de volta através da história.
A IFRA – Internacional Fragrance Association – só permite que fragrâncias sejam chamadas de naturais se os seus componentes correspondam aos termos e definições estabelecidas pela ISO 9235:1997, ou que possuam substâncias presentes em produtos naturais e isoladas a partir delas por meios físicos.
Em geral, a ISO 9235 define matérias-primas naturais aromáticas como aquelas obtidas de plantas usando a expressão, destilação e alguns tipos de extração.
Óleos essenciais reconstituídos sinteticamente, síntese de substâncias idênticas às naturais e matérias-primas quimicamente modificadas não podem ser usados em fragrâncias descritas como naturais.
A Associação de Produtos Naturais vai um passo mais além, não permitindo o uso de solventes petroquímicos (p. ex. hexano) no processo de extração de concretos e absolutos.
Sendo assim, fragrâncias naturais são composições complexas de matérias-primas naturais aromáticas, tais como óleos essenciais, frações de óleos essenciais, isolados, exsudados (resinas), destilados e extratos voláteis concentrados.
Fragrâncias naturais possuem um maior valor agregado, já que em sua grande maioria elas são mais ecológicas e sustentáveis. Elas são consideradas mais seguras, mais saudáveis e com ação terapêutica.
As fragrâncias naturais, geralmente, são elaboradas a partir de ingredientes colhidos de plantas cultivadas de forma sustentável.
Já as fragrâncias sintéticas podem ser mais fortes, mas complexas, sofisticadas e mais baratas que fragrâncias naturais. Embora a palheta de ingredientes naturais, a partir do qual o perfumista pode criar, aumentou substancialmente nos últimos anos. Há muitos aromas sintéticos disponíveis, permitindo ao perfumista uma maior liberdade criativa.
Fragrâncias sintéticas possuem um processo de fabricação mais fácil, permitindo uma maior reprodutibilidade de um lote para outro. E apesar das vantagens técnicas dos sintéticos, a demanda por produtos aromáticos naturais continua a aumentar.
Referencia:
- O’Lenick et al. Comparatively Speaking: Natural VS Syntetic Fragrance, Cosmetic&Toiletries, December 22, 2011.
- Aftel, M. Essence and Alchemy: a book of perfume.
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